Uma técnica de extração que pode
aumentar em mais de seis vezes as reservas de gás natural do País será testada
pela primeira vez nos próximos meses, em Minas e na Bahia. Proibido em alguns
países europeus e em discussão nos Estados Unidos, o fraturamento hidráulico
(fracking, em inglês) é alvo de polêmica por conta da falta de estudos sobre
possíveis danos ambientais - a técnica retira o gás a mais de 1,5 mil metros de
profundidade.
As principais preocupações
referem-se à possível contaminação de lençóis freáticos e a relação com o
aumento da incidência de terremotos. Nos EUA, a agência de proteção ambiental
(EPA) prometeu realizar um grande estudo, mas ainda não se posicionou sobre o
gás de xisto - rocha onde ocorre a extração.
No ano passado, pesquisadores da
Duke University, na Pensilvânia, publicaram um artigo na revista Proceedings of
the National Academy of Sciences que alertou para o aumento da concentração de
metano na água potável em áreas próximas a poços que usam o fracking. Não ficou
provado, porém, se há relação direta com a técnica. "Se a contaminação
ocorrer nas fontes mais profundas não há nada que se possa fazer para
evitar", diz Avner Vengosh, um dos autores do estudo, que também alerta
para os produtos químicos usados no processo. Segundo Vengosh, a questão nos
EUA é agravada por causa da autonomia dos proprietários de terra, que podem
negociar diretamente o arrendamento com as companhias de energia.
No Brasil, a Agência Nacional do
Petróleo (ANP) afirma que a extração terá um acompanhamento melhor. "Esse
problema aconteceu nos EUA porque cada Estado fez de um jeito. Estamos
aprendendo com os erros deles", diz Olavo Colela, assessor da diretoria da
ANP. De acordo com Colela, a técnica será implementada em um primeiro momento
em três bacias sedimentares: Vale do Parnaíba (MG), Parecis (MT) e Recôncavo
(BA).
Nestas regiões, a expectativa é
de que se aumente as reservas de gás natural no País em 208 trilhões de pés
cúbicos (TCF) - atualmente, o total é de 32 trilhões de TCF. Segundo a AIE,
agência de energia norte-americana, este potencial colocaria o País na 10ª
posição na lista de maiores reservas estimadas. Estados Unidos (8.620), China
(1.275) e Argentina (774) lideram o ranking. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado
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