As empresas de base tecnológica e os estaleiros para construção de barcos de apoio e reparo naval são os negócios da cadeia de óleo e gás mais atrativos para Santa Catarina no curto prazo. Por outro lado, a instalação de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) é estratégica para o Estado devido à repercussão em outros segmentos, ao eliminar gargalos referentes à matéria-prima de áreas como a petroquímica e fertilizantes, que podem usar fontes permanentes de suprimento de gás natural. Estas são algumas das recomendações do estudo da Federação das Indústrias (FIESC) que avalia as oportunidades de investimento na cadeia de óleo e gás em Santa Catarina. O trabalho, realizado pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), ressalta ainda que o terminal de GNL é importante para a segurança no abastecimento regional para termelétricas e outros usos industriais. Os presidentes da FIESC, Glauco José Côrte, e da ONIP, Eloy Fernandes, entregaram o trabalho ao senador Casildo Maldaner, durante a reunião de diretoria da FIESC, realizada nesta sexta-feira (19).
Aplicando em estaleiros para base de apoio e reparo naval, em empresas de base tecnológica e alavancando a indústria de regaseificação também traremos para a região a indústria petroquímica e de fertilizantes", resume o coordenador do estudo, Luís Fernando Mendonça. O levantamento avaliou a cadeia de fornecedores de bens e serviços, inclusive pequenas e médias empresas. "Ele passa a ser um documento orientador aos esforços catarinenses para participar do crescimento dos negócios no setor", diz o diretor de relações industriais e institucionais da FIESC, Henry Quaresma.
Entre 2012 e 2016 os investimentos na cadeia totalizarão US$ 286 bilhões no Brasil, dos quais US$ 226 bilhões estão previstos pela Petrobras, mostra a pesquisa. Nesta carteira de aplicações, parcela substancial será destinada a novos projetos, o que refletirá na demanda por equipamentos e serviços, sobretudo de origem nacional, em decorrência de a política governamental exigir índices de conteúdo local crescentes nos empreendimentos do setor, o que fará do setor de petróleo um instrumento essencial para a economia brasileira.
O trabalho destaca que a estruturação de um polo naval especializado na atividade de construção e reparo de barcos de apoio seria uma ação de integração das potencialidades já existentes em Santa Catarina, especificamente na região de Itajaí. "Os quatro estaleiros ali presentes, o crescente número de barcos de apoio por eles construídos, a chegada do P2 Brasil Estaleiro, a mão de obra especializada disponível, somados à cadeia de fornecedores de navipeças (bens e serviços) instalada e as condições geográficas (águas abrigadas, bom calado e leito não rochoso) do Rio Itajaí-Açu corroboram na viabilização de um futuro polo de reparo naval", destaca o documento. "Nós identificamos que serão mais de 500 barcos nos próximos cinco anos de operação do plano da Petrobras e nisso a indústria de Santa Catarina é forte. Quando se implanta o estaleiro, também é necessário o reparo naval, uma atividade muito especializada que requer profissionais de alta capacidade, qualidade e produtividade", diz Mendonça.
Considerando a vocação catarinense para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica e o elevado número de incubadoras e parques tecnológicos, o trabalho sugere a busca das tecnologias desenvolvidas nos projetos de pesquisa das operadoras de petróleo como estratégica. Isso permitiria fortalecer o posicionamento do Estado como supridor de produtos, processos e serviços com elevado valor tecnológico para o setor de óleo e gás.
O estudo ainda alerta que a instalação de um terminal de GNL em Santa Catarina, embora estratégica, é uma operação complexa, tanto do ponto de vista técnico quanto político e que a sua viabilização está condicionada a uma articulação entre os Estados do Sul com São Paulo e Mato Grosso do Sul. "Ao viabilizar a indústria de fertilizantes e a petroquímica, a maior oferta de gás com o terminal permite a conversão química desse insumo em produtos de maior valor agregado, trazendo para o Estado importantes oportunidades de desenvolvimento", diz Mendonça.
Para cada uma das oportunidades, foram avaliadas questões de negócio e econômicas, em nível macro, com o objetivo de identificar as melhores oportunidades para aprofundamento em termos de recursos necessários e benefícios esperados. No aspecto de negócio, foram avaliadas questões ligadas à capilaridade do investimento, importância estratégica de longo prazo, facilidade de articulação, complexidade de execução e retorno para a sociedade. No aspecto econômico, por sua vez, foram avaliadas as questões ligadas à estimativa inicial de investimento, retorno sobre investimento, geração de emprego, arrecadação de impostos e fontes de financiamento.
Fonte: FIESC
Nenhum comentário:
Postar um comentário